quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O "Nariz" na Filosofia


III
A “Razão” na Filosofia

3.

- E que finos instrumentos de observação temos em nossos sentidos! Esse nariz, por exemplo, do qual nenhum filósofo ainda falou com respeito e gratidão, é, por ora, o mais delicado instrumentos à nossa disposição: ele pode constatar diferenças mínimas de movimento, que nem mesmo o espectroscópio constata. Nos possuímos ciência, hoje, exatamente na medida em que resolvemos aceitar o testemunho dos sentidos – em que aprendemos a ainda aguçá-los, armá-los, pensá-los até o fim. O restante é aborto e ciência-ainda-não: isto é, metafísica, teologia, psicologia, teoria do conhecimento. Ou ciência formal, teoria dos signos: como a lógica e essa lógica aplicada que é a matemática. Nelas a realidade não aparece, nem mesmo como problema; e tampouco a questão de que valor tem uma tal convenção de signos como a lógica.

Friedrich Nietzsche (1844-1900), Crepúsculo dos Ídolos
Tradução: Paulo César de Souza